Comercialização
Tarifas globais dos EUA podem abrir espaço para pescado brasileiro 276k1m
Setor nacional de pescado vê nos EUA uma combinação de desafio e oportunidade 5m2t3d
09 de abril de 2025 5e5g1p
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A imposição de uma tarifa geral de 10% sobre todas as exportações para os Estados Unidos, anunciada no início de abril pelo presidente Donald Trump, causou impacto imediato nas cadeias globais de suprimentos e reacendeu o debate sobre competitividade internacional. Para o pescado brasileiro, o cenário que se desenha é ambíguo: embora o Brasil tenha sido incluído na lista de nações tarifadas, a alíquota aplicada foi a mais baixa entre os grandes fornecedores do setor — ao contrário de países como Vietnã, China, Tailândia e Japão.
Diante dessa nova realidade, o setor nacional de pescado vê nos EUA uma combinação de desafio e oportunidade. Para o ex-secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Welber Barral, o impacto da medida sobre o setor brasileiro será significativo, ainda que não necessariamente negativo. “A princípio, as exportações brasileiras acabaram ficando com a tarifa mais baixa comparativamente a outros países. Apesar disso, é uma tarifa que tem um impacto importante. Dez por cento vai acabar sendo reado por preço dos consumidores norte-americanos”, analisa.
Ele observa que os países mais afetados pelas alíquotas — justamente os maiores exportadores de pescado para os EUA — terão obstáculos adicionais para ar o mercado, o que pode abrir espaço para o Brasil. “Isso acaba sendo uma barreira adicional para as exportações de pescado desses países para os Estados Unidos e pode eventualmente até beneficiar as exportações brasileiras. É claro que deve haver uma queda no consumo, mas esses países exportam muito mais do que o Brasil, e qualquer margem pode beneficiar bastante as exportações brasileiras”, pondera.
Apesar de um cenário que, em um primeiro momento, aponta para oportunidade, ele alerta para um ponto de atenção: “Um ponto importante é que ainda existe uma medida antidumping sobre as exportações de camarão do Brasil para os Estados Unidos. Seria importante que o setor se mobilizasse para revisar essa medida e manter inclusive a abertura no mercado de camarão”, reforça.
Do ponto de vista geopolítico, o ex-secretário projeta um resfriamento nas relações comerciais entre os EUA e seus parceiros, o que poderá levar a uma onda de renegociações tarifárias — e o Brasil precisa estar atento a essas oportunidades. “Seguramente vai haver um esfriamento das relações comerciais dos Estados Unidos com todo o mundo. Vários países vão tentar fazer a renegociação das tarifas que foram aplicadas, inclusive o Brasil, que vai tentar principalmente no setor de aço, alumínio, cobre, manteiga, cotas para as exportações brasileiras. Isso poderia ser inclusive também uma oportunidade para o pescado brasileiro, que vai se tornar mais barato que o pescado das outras origens”, conclui.
Créditos da imagem: Canva
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